Um Brasil apagado pelo tempo
Às vésperas do “glorioso”, e memorável,
dia da proclamação da república – mas que é de fato considerado um golpe – vem
como um avalanche de tristeza, na esfera teórica. Muitos homens, de alta
cultura e de uma afinidade tal, já têm escrito acerca esse evento, e tudo que
prefacia, introduz e até mesmo o âmago do conteúdo, é sem dúvidas, o desaparecimento
de uma era; era que não torna para perto de nossos seios patrióticos.
O que é narrado
como favorecimento, sobre os eventos, e acontecimentos, é uma falta de
percepção de quem faz a investigação como um verdadeiro historiador. Quero com
essas palavras, esmiuçadas, com fraqueza de adjetivação, por conta de minha
pobreza enquanto conhecedor de minha própria gramática, expor a minha
desconexão o essa época ideológica. Mas, como é característico de um verdadeiro
pernambucano, ser esforçado e ir adiante mesmo sem experiência, que por sinal,
experiência se ganha escrevendo, errando e se aprumando. Há indignação por minha
parte, sabendo ser impossível mudar uma mentalidade de anos, décadas, e até
mesmo séculos, que já está impressa como vem se manifestando entre nós.
Ao que parece,
muitos levam para um outro lado da moeda quando se refere aos eventos do
passado, cometendo até mesmo, anacronismo. Quando se fala do passado glorioso em
que viveu o brasileiro dos idos de 1850, para o brasileiro pós Lula, o que se
tem impresso em suas caixas pensantes é: "um velho preguiçoso e muitos
políticos, já, ladrões". É com essa mentalidade, e não outra, que se expressa o
nosso povo, da nossa república federativa do Brasil.
O anacronismo é
verdadeiro, mas, o que se pode salientar, sobretudo, é, sem medo de erra, a
borracha histórica em que se passou em alguns períodos de nosso vasto e imenso
Brasil; o Brasil, aliás, de Machado de Assis, de Lima Barreto, de Humberto de
campos, entre outros. O Brasil em que goza o atual brasileiro é, em termos de
chão, o mesmo em que viveu os grandes homens de Estado. Por outro lado, em
distorção ideológica, só herda o nome – com outro significado, até – que o tem
por atual, ainda, por não poderem mudar. E se mudar, falta nenhuma fará a esses
infantes intelectuais.
Não sou
monarquista, por ser de idade ainda precoce. Mas quem sabe, quando o meu
espírito for um pouco mais sábio do que o é hoje, eu tenha, assim como destacou
Gilberto Freyre, em um ensaio, citando Joaquim Nabuco em Provecto e o jovem,
que diz: “já antes dos quarenta anos, o brasileiro começa a inclinar a sua
opinião diante dos jovens de quinze a vinte e cinco anos”, se é realmente
verdade isso, esperarei, se assim for da providência divina, o meu espírito de
homem velho se curvar diante dessas palavras esboçadas aqui nesta sôfrega
crônica.
Primeiras
crônicas, São Lourenço, 12
de novembro de 2024.