sexta-feira, 27 de junho de 2025

Um Brasil Apagado Pelo Tempo

 

Um Brasil apagado pelo tempo


 

Às vésperas do “glorioso”, e memorável, dia da proclamação da república – mas que é de fato considerado um golpe – vem como um avalanche de tristeza, na esfera teórica. Muitos homens, de alta cultura e de uma afinidade tal, já têm escrito acerca esse evento, e tudo que prefacia, introduz e até mesmo o âmago do conteúdo, é sem dúvidas, o desaparecimento de uma era; era que não torna para perto de nossos seios patrióticos.

            O que é narrado como favorecimento, sobre os eventos, e acontecimentos, é uma falta de percepção de quem faz a investigação como um verdadeiro historiador. Quero com essas palavras, esmiuçadas, com fraqueza de adjetivação, por conta de minha pobreza enquanto conhecedor de minha própria gramática, expor a minha desconexão o essa época ideológica. Mas, como é característico de um verdadeiro pernambucano, ser esforçado e ir adiante mesmo sem experiência, que por sinal, experiência se ganha escrevendo, errando e se aprumando. Há indignação por minha parte, sabendo ser impossível mudar uma mentalidade de anos, décadas, e até mesmo séculos, que já está impressa como vem se manifestando entre nós.

            Ao que parece, muitos levam para um outro lado da moeda quando se refere aos eventos do passado, cometendo até mesmo, anacronismo. Quando se fala do passado glorioso em que viveu o brasileiro dos idos de 1850, para o brasileiro pós Lula, o que se tem impresso em suas caixas pensantes é: "um velho preguiçoso e muitos políticos, já, ladrões". É com essa mentalidade, e não outra, que se expressa o nosso povo, da nossa república federativa do Brasil.

            O anacronismo é verdadeiro, mas, o que se pode salientar, sobretudo, é, sem medo de erra, a borracha histórica em que se passou em alguns períodos de nosso vasto e imenso Brasil; o Brasil, aliás, de Machado de Assis, de Lima Barreto, de Humberto de campos, entre outros. O Brasil em que goza o atual brasileiro é, em termos de chão, o mesmo em que viveu os grandes homens de Estado. Por outro lado, em distorção ideológica, só herda o nome – com outro significado, até – que o tem por atual, ainda, por não poderem mudar. E se mudar, falta nenhuma fará a esses infantes intelectuais.

            Não sou monarquista, por ser de idade ainda precoce. Mas quem sabe, quando o meu espírito for um pouco mais sábio do que o é hoje, eu tenha, assim como destacou Gilberto Freyre, em um ensaio, citando Joaquim Nabuco em Provecto e o jovem, que diz: “já antes dos quarenta anos, o brasileiro começa a inclinar a sua opinião diante dos jovens de quinze a vinte e cinco anos”, se é realmente verdade isso, esperarei, se assim for da providência divina, o meu espírito de homem velho se curvar diante dessas palavras esboçadas aqui nesta sôfrega crônica.

Primeiras crônicas, São Lourenço, 12 de novembro de 2024.